quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Artigo sobre Coaching


O que é o 'Coaching'?

por

Miguel Pina e Cunha

Director de MBA da Universidade Nova de Lisboa24 Março 2006

O Coaching corresponde a uma buzzword recente no domínio da liderança. A sua prática, no entanto, é antiga. Corresponde a actuações do líder norteadas por um valor supremo: ajudar os outros a trilharem o seu próprio caminho de autodesenvolvimento. Estamos, portanto, perante um entendimento da liderança baseado numa relação "adulto-adulto". Já não é ao líder que compete descobrir o que é melhor para os subordinados - isso é algo que compete a cada um deles. Cabe-lhe ajudar cada colaborador a descobrir a forma de expressar melhor os seus talentos. Dois significados do termo Coaching ajudam a compreender a sua aplicação ao mundo das organizações: por um lado, Coach é o treinador, aquele que ajuda os seus pupilos a desenvolverem as suas capacidades. Por outro, é um meio de transporte, o que explica o processo de autodesenvolvimento como uma viagem de descoberta e melhoria.

O Coaching pode ser tomado como um processo que visa fomentar no colaborador o conhecimento de si mesmo e impulsionar o desejo de melhorar ao longo do tempo, bem como a orientação necessária para que a mudança se produza.

Trata-se, portanto, de uma filosofia de liderança que assenta na ideia de que o desenvolvimento e a aquisição de competências são processos contínuos e da responsabilidade de todos, e não apenas episódios limitados no tempo e espoletados pela hierarquia. A lógica do Coaching tende pois a ser privilegiada nas organizações genuinamente aprendentes, nas quais a responsabilidade pelo desenvolvimento é pessoal, embora apoiada e enquadrada pela organização.

Como actua, na prática, um Coach na relação com o seu colaborador? Múltiplas acções podem ser consideradas:

·         Ajuda-o a aprender - mais do que ensina;

·         Ajuda-o a descortinar as áreas em que o seu potencial de desenvolvimento é maior;

·         Ajuda-o a desenvolver a sua inteligência emocional;

·         Ajuda-o a fazer opções, a descortinar e a definir as suas metas;

·         Ajuda-o a analisar os erros, as suas raízes e os modos de ultrapassá-los;

·         Coloca-se ao serviço - não controla;

·         Faculta-lhe as pistas que lhe permitam superar-se a si próprio;

·         Faculta-lhe guias de actuação, informações e pistas que lhe permitam optar e decidir;

·         Faz-lhe crítica construtiva, fornece-lhe feedback;

·         Gera-lhe orgulho nas realizações e reconhece-lhe o mérito;

·         Impele-o a aproveitar todo o seu potencial;

·         Inspira confiança, monitoriza o seu desempenho, motiva-o, não lhe impõe soluções, não julga, reconhece a independência e a autonomia do colaborador;

·         É competente e empenhado;

·         É prudente;

·         Respeita-o e é sincero na relação;

·         Transmite-lhe desafios concretizáveis, assim como sentimentos de segurança;

·         Revela abertura de espírito;

·         E é paciente - mas sem perder o norte na pro-actividade.

Em suma, o Coaching refere-se a uma categoria de comportamentos assentes num claro conjunto de valores, nomeadamente: autodesenvolvimento, respeito, autonomia. A sua popularidade "explode", não por acaso, num momento em que os elevados níveis de educação dos profissionais tornam desaconselhados os modelos tradicionais de chefia, nos quais um mandava e outro obedecia. O Coaching é, nesta perspectiva, mais um sintoma da grande mudança em curso no mundo das empresas que têm no conhecimento o seu recurso principal: organizações complexas com pessoas simples vão dando lugar a organizações simples com pessoas complexas - e capazes de apostar no seu próprio desenvolvimento, com o apoio da organização onde trabalham, para bem do seu emprego actual e da sua empregabilidade futura.

Para desenvolver o assunto:

Rego, Cunha, Oliveira e Marcelino (2004). Coaching para Executivos. Lisboa: Escolar Editora.



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